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Auxílio aos desabrigados: Parque da Oktober tornou-se um lar de acolhimento Última atualização em, 06 de maio de 2024

“Estou me sentindo em casa aqui”, disse uma das acolhidas


Depois de dias de angústia, a moradora do Bairro Várzea, Cassandra Gonçalves, de 36 anos, está mais aliviada. O primeiro sorriso surgiu na manhã dessa sexta-feira, ao olhar para fora dos portões do Pavilhão 2 do Parque da Oktoberfest, e perceber que o tempo melhorou e assim nasceu um sopro de esperança de retornar para casa. “Meu marido foi até lá em casa para ver a situação, e se já temos condições de voltar”, contou ela, que está acampada com mais três filhas, entre elas a pequena Heloísa, de um ano e 11 meses;

 

Outro motivo de comemoração para Cassandra foi a notícia que recebeu durante a semana. Enquanto estava fugindo das águas para sobreviver, recebeu a notícia de que teria se tornado avó. Sua filha mais velha estava no hospital e o  bebê estava bem. "Apesar de tudo, preciso ainda agradecer", disse. 


Instalada no local desde a última terça-feira, 30 de abril, ela conta que se sentiu bem amparada no abrigo improvisado que foi montado para receber os moradores. Cercada com lonas, a estrutura privativa foi o suficiente para que sua família se sentisse bem amparada. “Desde o primeiro dia fomos muito bem atendidos aqui. Nos ofereceram cobertores, roupas, medicamentos, alimentação, colchões, não faltou nada”, disse. 


Assim como ela, outra moradora que foi acolhida no local é Patrícia Cristina Soder, de 43 anos. Sua residência, no Bairro Schulz foi engolida pela água nesta semana. “A Guarda Municipal me socorreu e me trouxe para cá, não consegui trazer nada de casa. Mas ainda bem que saí antes que a coisa piorasse”, relembra. 


Patrícia também está no Pavilhão 2 e tornou-se vizinha de Cassandra no lar improvisado, o que possibilitou o início de uma amizade entre as meninas e as mães. Eloá, de dois anos, empurrava o carrinho da pequena Heloísa. Outro familiar de Patrícia instalado no local é seu pai,  o aposentado Luís Soder, de 73 anos. Com problemas de saúde, teve acompanhamento clínico desde o primeiro dia. “Meu pai tem um monte de problema de saúde, até pressão alta tem. Ainda bem que aqui tem até médico, to me sentindo segura e em casa aqui”, disse Patrícia. 


A prefeita Helena Hermany, que coordena o Gabinete de Gerenciamento de Crise, reconhece o empenho de todos os envolvidos para que as pessoas sejam bem acolhidas. “Quero agradecer imensamente a todas as pessoas que estão colaborando no atendimento aos desabrigados. É um momento difícil e só vamos conseguir conseguir superar com êxito graças ao trabalho dos servidores do município e da nossa comunidade santa-cruzense, que é sempre solidária e colaborativa”, declarou. 


Atendimento em saúde


Acompanhamento dos profissionais de saúde é outro dos serviços oferecidos a de duas centenas de abrigados nos pavilhões do Parque da Oktoberfest. Na manhã dessa sexta-feira, quem precisou de auxílio foi a moradora de Balneário Panke, distrito de Rio Pardinho, a aposentada Voni Grünewald, de 56 anos. Abalada por ter perdido todos os móveis, roupas e eletrodomésticos de sua casa, emocionou-se  ao relembrar das cenas pelas quais passou no início da semana. Precisou de atendimento psicológico e clínico. “Me sinto melhor porque eles vêm todo dia me ver. 'To' ainda muito desanimada e conversar com alguém que anima a gente sempre ajuda”, revelou.

 

 De acordo com supervisora médica na Atenção Básica, Clauceane Venzke Zell,  responsável pela coordenação dos atendimentos, 11 abrigados estão tendo acompanhamento contínuo. Na maioria dos casos, segundo ela, é de hipertensão. “´É natural que apareça este tipo de sintoma, até pela situação que as pessoas estão passando, mas precisamos acompanhar e em alguns casos até medicar, para evitar que a situação clínica das pessoas atendidas não se agrave”, explicou Clauceane. Ainda segundo ela, foram atendidos também casos de dengue, gripe e gestantes, totalizando 298 atendimentos até essa sexta-feira. 


No atendimento a questões emocionais, a psicóloga Patrícia de Souza Fagundes é uma das profissionais atuando no local. Ela explica o que é importante de se dizer diante da situação vivenciada pelos afetados pelas cheias. “Nesse momento as pessoas estão bastante chorosas, desesperadas, em especial pelas perdas que tiveram. Então é fundamental que a gente cuide da saúde mental e dê uma atenção especial, para que tenham forças para recomeçar suas vidas”, afirmou. 


Espaço de recreação


Um espaço especial às crianças das famílias desabrigadas foi preparado no Ginásio Poliesportivo Arnão. Uma equipe pedagógica coordena as atividades, com o auxílio de voluntários. Cerca de trinta crianças e adolescentes são atendidas no local. Entre as atividades estão música, futebol, vôlei, pintura, jogos pedagógicos e massinha de modelar. Quem aproveitou várias brincadeiras foi a pequena Sara, de 6 anos. “Ela não quer sair do ginásio, de tanto que está gostando”, disse a mãe, Patrícia Soder. 


Cuidado com os animais


Uma equipe preparada para receber bem os animais de estimação também atua no atendimento a cães e gatos assustados por estarem longe de suas famílias. Eles estão abrigados no Centro de Eventos do Parque da Oktoberfest. De acordo com o médico veterinário do Centro de Bem-Estar Animal, Tiago Marques, cerca de 160 animais, entre caninos e felinos, estão sendo atendidos. “Estamos realizando a microchipagem em todos eles, além da vacinação, limpeza e medicação”, explicou Marques. 


Segundo ele, cerca de 80 animais estão sem tutores, por terem se dispersados durante as enxurradas. Conforme o médico veterinário, para as pessoas poderem identificar os cães e gatos, devem se dirigir até o Centro de Eventos, ou ainda podem enviar fotos dos animais, para o telefone (51) 92001-3395. 


Doações


No Pavilhão Central do Parque da Oktoberfest é onde estão concentrados todos os donativos que estão sendo levados pela população. No local, de acordo com a coordenadora do serviço, Solange Basso, é realizado o recebimento de todas as doações, e é onde uma equipe de cerca de 100 pessoas, entre voluntários e servidores do município, realizam a triagem de todo material arrecadado, desde roupas, alimentos,  até material de higiene e limpeza. “Aqui organizamos a retirada dos materiais que pessoas de Santa Cruz que necessitam, e também direcionamos para outros outros municípios que precisam”, disse.   


Moradora da  localidade de Ponte Rio Pardinho, a auxiliar de escritório, Jocie Manuela Seidel, de 40 anos, acompanhada do filho, Joaquim, de 9 anos, foi até o Espaço Assemp, conhecida como a casa amarela do Parque da Oktoberfest, para realizar o cadastro e retirar materiais de que precisava. “Perdi tudo. Vim aqui me inscrever porque preciso de materiais de higiene e limpeza e ração para os animais” ,contou. 

Quem aproveitou para retirar uma cesta básica com alimentos no Pavilhão Central foi a aposentada Odete Neli Lopes, de 60 anos. Atingida pelas cheias no Bairro Várzea, está temporariamente instalada na casa de familiares. "Até eu não voltar para minha casa, preciso de ajuda. Fiquei sabendo que  poderia retirar  e vim aqui buscar", reconheceu. 


Refeições prontas


Na Bierhaus é onde estão concentradas as refeições prontas doadas pelos restaurantes e empresas locais. Quem explica é a coordenadora do serviço, a nutricionista Thaís Oviedo. “Temos três espaços com abrigados nos pavilhões e todos estão sendo contemplados, e torno de 250 pessoas. De acordo com a necessidade estamos encaminhando os alimentos, para que não haja desperdício, este é o cuidado que estamos tendo”, explicou.  Ainda segundo ela, a orientação repassada aos doadores é para que os alimentos sejam acondicionados em embalagens individuais e com talheres descartáveis, prontos para o consumo.

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